O G20 é o fórum de cooperação econômica das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e, desde 2023, a União Africana. Com presidência anual rotativa, o G20 é realizado em ciclos de um ano, com diversos encontros ministeriais e técnicos que culminam na cúpula de chefes de Estado e de governo. No Brasil, a cúpula do G20 será realizada no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro de 2024.
O grupo foi criado no contexto da crise econômica asiática, que se expandiu para outros mercados emergentes no fim da década de 1990. O G20 foi criado como um fórum informal para a coordenação entre os ministros de Economia e Finanças e os líderes dos Bancos Centrais.
O desequilíbrio macroeconômico, originado e propagado na Ásia e América Latina, evidenciou a necessidade de incluir países em desenvolvimento nas discussões sobre estabilidade econômica e financeira internacional, ampliando, portanto, discussões que antes eram feitas apenas no âmbito do G7/G8.
Promovido a encontro de cúpula desde 2008, na esteira da mais grave crise econômica global desde 1929, o grupo tem sua relevância evidenciada em números: somados, os membros correspondem a aproximadamente 85% do PIB mundial, mais de 75% do comércio internacional e em torno de 2/3 da população mundial.
Se, no passado, o grupo surgiu para prover respostas a crises, hoje é um espaço privilegiado para antever instabilidades e criar soluções conjuntas em áreas que variam do comércio ao turismo, da cultura à mudança do clima.
Para o Brasil, a liderança no G20 é uma oportunidade de reinserção internacional a partir de um fórum econômico de alto nível, no qual, tradicionalmente, o país teve contribuições ativas. Esse potencial de protagonismo não se resume ao G20: na sequência, o Brasil irá sediar a COP30, em 2025.
O G20 adotará, sob a presidência brasileira, o lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável” e terá três temas prioritários: transição energética, desenvolvimento sustentável justo (com ênfase no combate à fome, à pobreza e à desigualdade) e reforma das instituições multilaterais.
Afirmando suas prioridades, o Brasil anunciou a criação de duas forças-tarefas para o G20 – Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, e Mobilização Global contra a Mudança do Clima –, e uma iniciativa de Bioeconomia. Na Trilha de Finanças, cujos debates serão coordenados pelo Ministério da Fazenda, estão na agenda temas como financiamento para combater as mudanças climáticas, renegociação de dívidas nacionais, progressividade de tributos e reforma da governança das instituições financeiras internacionais.
O G20 é um fórum que, tanto pela sua composição quanto pelo seu escopo, pode marcar a história da política externa brasileira criando um legado positivo a partir da Cúpula do Rio de Janeiro, a capital do G20.
A estrutura do G20 é inovadora por não contar com um secretariado fixo. A coordenação das atividades é conduzida por um membro a partir de uma presidência rotativa anual. Este membro possui, portanto, certa capacidade de definição da agenda do grupo. Ao lado dele, o país que presidiu o grupo no ano anterior e o que assumirá o comando no ano seguinte formam uma troika: estrutura tripartite de monitoramento das discussões para garantir continuidade. Em 2023, por exemplo, a troika foi formada por Indonésia, que presidiu o grupo em 2022, Índia, que liderou em 2023, e Brasil, que assumiu o posto em dezembro de 2023.
Abaixo do secretariado coordenado pela presidência, o G20 se organiza em torno de duas trilhas negociadoras (tracks), lideradas por duas instâncias diferentes: a Trilha de Sherpas e a Trilha de Finanças.
A Trilha de Sherpas, que abrange temas socioeconômicos, é de responsabilidade dos Ministérios de Relações Exteriores. A Trilha de Finanças, dedicada a questões de política econômica, é comandada pelos Ministérios de Economia, Fazenda, Finanças ou equivalentes. Cada uma das trilhas é composta por grupos de trabalho, iniciativas e forças-tarefa, que elaboram recomendações, encomendam estudos técnicos e assessoram os ministros e chefes de governo dos membros.
O G20 também possui espaços institucionalizados para a participação da sociedade civil, governos locais e outras instituições relevantes que fazem recomendações aos negociadores por meio dos Grupos de Engajamento. Entre os grupos, estão o Think 20, composto por think tanks e instituições acadêmicas, o Business 20, formado por representantes do setor privado, e o Civil 20, formado por organizações da sociedade civil dos países do G20.
Dada a autonomia existente no G20, durante a presidência indiana em 2023, foi criado mais um grupo de trabalho na Trilha de Sherpas – o de redução de risco de desastres – e um novo grupo de engajamento: o Startup 20, voltado para novos negócios e economia digital.
Ao assumir a presidência, o Brasil incorporou aos grupos o Ocean 20, reconhecendo a importância do ecossistema marinho e aumentando a visibilidade da pauta para a mobilização de recursos financeiros e humanos para sua conservação.