O papel da mobilidade sustentável para a resiliência climática e a saúde pública foi um dos principais temas no primeiro dia do Urban 20 (U20), nesta quinta-feira (14/11), o fórum de cidades que acontece no Armazém da Utopia, na Zona Portuária do Rio.
A secretária municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Maína Celidonio, participou dos debates no Palco Clima sobre mobilidade ativa e ação climática no painel "Melhorando o financiamento para transporte sustentável, seguro e inclusivo", organizado pelo ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento).
- Este tipo de evento é muito importante porque temos a possibilidade de trocar com várias instituições, pessoas do mundo inteiro, aprender muito e promover políticas de mobilidade ativa. Lembrando que um quarto da população carioca ainda se desloca a pé. E a gente precisa tornar esse "andar a pé" ou mesmo andar de bicicleta cada vez mais seguro e mais acessível para todos -, afirma Maína Celidonio.
Considera-se mobilidade ativa todo deslocamento que não utilize motorização e envolva atividade física. Dessa forma, além de contribuir para a sustentabilidade, há também benefícios para a saúde pública, segurança e redução de desigualdades.
Ainda com o tema da mobilidade, no Palco Clima, também aconteceu a palestra "Plataforma de Descarbonização de Cargas: o futuro da descarbonização do transporte no Brasil". O painel discutiu a importância da descarbonização do transporte de cargas, considerando a sua importância logística para as cidades, através de veículos elétricos.
No Palco Principal, o painel “Localização dos ODS no Sul Global" teve como temática os desafios para desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras, a serem conquistados até 2030. A ABM (Associação Brasileira de Municípios) lançou o Primeiro Relatório Nacional Voluntário para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das cidades brasileiras, com os desafios e recomendações de ações.
Já a palestra "Reimaginando Ambientes Urbanos: Integrando Estratégias de Clima e Biodiversidade em Espaços Urbanos" discutiu como conciliar a crescente urbanização com a preservação e fomento da biodiversidade. A sessão ressaltou os desafios da interação do homem no contexto urbano com a diversidade, e os benefícios de espaços verdes para a saúde pública e a resiliência climática.
Promovido pelo Fórum Brasileiro de Climatechs, na abertura do Palco Clima, a palestra "Empreendimento Climático" teve José Gustavo Fávaro, curador do fórum, como moderador. O desafio maior proposto pelos participantes foi a utilização de tecnologias inovadoras, proporcionadas pelos setores empresariais emergentes, como soluções para problemas climáticos nas grandes cidades.
A sessão seguinte no mesmo palco apresentou o tema "O estado das finanças climáticas das cidades: descobertas globais e suas implicações para o Brasil", promovido pela Climate Policy Initiative (CPI) e CCFLA. Priscilla Negreiros, diretora associada da CPI, se mostrou empolgada com as possibilidades de financiamento dos setores público e privado para a solução de problemas climáticos globais.
Drones semeadores para reflorestamento da cidade do Rio
O painel “Transformando Cidades: Inovação e Colaboração para a Ação Climática”, no Palco Principal, reuniu representantes de várias cidades do mundo e especialistas em soluções urbanas para os desafios climáticos. O debate destacou a iniciativa inédita do uso de drones semeadores para reflorestamento da cidade do Rio, que se mostra como exemplo de implementação bem-sucedida de estratégias climáticas urbanas.
No Palco Governança, o debate “Preparação para o clima e a sustentabilidade como uma estratégia para abordar desafios financeiros dos governos subnacionais”, organizada pelo Centro Brasil no Clima (CBC) e o Climate Group, abordou o tema do combate às alterações climáticas, com discussão e envolvimento sobre o papel do financiamento subnacional na reforma das instituições multilaterais. Foram discutidas maneiras de como aumentar os financiamentos dos bancos para estados e municípios e a conscientização sobre a necessidade de expandir a capacidade e o apoio institucional de preparação para questões climáticas.
O professor Carlos Moreno, da Universidade de Paris Panthéon Sorbonne, criador do conceito " Cidade de 15 minutos", defendeu que o planejamento urbano associado ao uso da tecnologia, é o caminho para a produção de cidades mais resilientes e mais justas. O conceito defende o encurtamento das distâncias entre, equipamentos de saúde, educação, serviços, para toda a população, sem a necessidade de automóveis para os deslocamentos.
Na sessão sobre como capacitar os jovens para um futuro urbano resiliente "Ação climática e redução do risco de desastres" foram apresentados estudos de caso bem-sucedidos de como os jovens podem liderar iniciativas para construir comunidades urbanas resilientes.